"Nós, como estradas, nos conectamos. Pessoas que escolhem todos os dias dar consequência à busca por justiça para as mulheres, por meio de uma ação conjunta, com ênfase na centralidade de seu bem-estar, na responsabilização dos agressores, na resolução de problemas, na criação de soluções, na construção de vínculo: tudo isso para ativar o impacto social que só podemos ter juntos". De forma inspiradora e convocatória, Daniela Grelin, diretora executiva do Instituto Avon, deu início ao 11º Workshop de Acesso à Justiça, realizado no final de maio, em Belo Horizonte (MG).
A importância da construção de uma rede de acesso à justiça que coloca a mulher no centro, em uma jornada de acolhimento e emancipação, deu o tom aos três dias de evento, que se tornou o maior entre todas as edições já realizadas.
Com o apoio oficial do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais e do Ministério Público do Estado de Minas Gerais, foram promovidos treinamento e capacitação a 120 profissionais do serviço público como “agentes, policiais, membros do Ministério Público, das Defensorias Públicas, magistrados federais e estaduais, psicólogos, assistentes sociais, representantes de organizações sociais e de órgãos governamentais” que lidam com os desafios diários do enfrentamento às violências contra meninas e mulheres.
Programação
Por meio do estudo de casos e o mapeamento de desafios relacionados a denúncias, investigações e resoluções de ocorrências de violência doméstica ou sexual, a dinâmica do workshop promove o estreitamento do diálogo entre os profissionais de diferentes esferas da rede pública. Ao final da formação, foram elaborados planejamentos de curto, médio e longo prazos para criar e potencializar políticas e estratégias eficientes no enfrentamento às violências contra a população feminina local.
"Um dos grandes diferenciais deste workshop é a oportunidade de integrar o trabalho de suporte às vítimas de violência doméstica e sexual, produzindo planos de ação por meio da colaboração multissetorial e atuação integrada e coordenada entre os entes de diferentes áreas, como a segurança pública, o sistema de justiça, os serviços socioassistenciais, a sociedade civil e até mesmo instituições de ensino e pesquisa", ressaltou Beatriz Accioly, coordenadora de Pesquisa e Impacto e de Enfrentamento às Violências contra Meninas e Mulheres do Instituto Avon.
Entre os temas debatidos ao longo dos três dias de encontro, destacam-se a Lei Maria da Penha, Colaboração na Rede de Apoio, Risco e Plano de Segurança, Diversidade LGBTQIA+, Intimidação, Violência e Internet, Interseccionalidade, Crianças, Julgamento com Perspectiva de Gênero e Intervenção com Homens.
Participações
Também estiveram presentes Regina Célia Barbosa, gerente de Causas; Renata Rodovalho, coordenadora de Parcerias Estratégicas do Instituto Avon; Julio Cesar Gutierrez, desembargador do TJMG; Ana Paula Nannetti Caixeta, desembargadora superintendente da COMSIV/TJMG; Elisabeth Cristina dos Reis Vilella, promotora de Justiça; Flávia Cristina Silva Mendes, subsecretária de Prevenção à Criminalidade; Tenente Coronel Daisy Ferrarezi Moura, comandante da 1ª Companhia Polícia Militar Independente de Prevenção à Violência Doméstica; Karine Tassara Bortolani Fernandes, delegada de polícia titular da Casa da Mulher Mineira; Marina Ganzarolli, advogada e fundadora do movimento #MeTooBrasil; Arielle Sagrillo Scarpati, doutora em Psicologia Forense pela Universidade de Kent; Cibele Mourão Barroso, juíza no Tribunal de Justiça de Minas Gerais; Patrícia Habkouk, Promotora de Justiça no Ministério Público de Minas Gerais; Leonardo Guimarães Moreira, juiz no Tribunal de Justiça de Minas Gerais; Teresa Cristina Cabral Santana, juíza no Tribunal de Justiça de São Paulo; e Fabíola Sucasas Negrão Covas, Promotora de Justiça Titular da Promotoria de Enfrentamento da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher no Ministério Público de São Paulo.
Para Regina Célia Barbosa, gerente de Causas do Instituto Avon, essa iniciativa representa um importante fortalecimento no processo de engajamento, compromisso e articulação entre os protagonistas no contexto de enfrentamento às violências contra meninas e mulheres. "Durante o workshop, profissionais competentes e especialistas em suas áreas de atuação estiveram reunidos para compreender contextos e construir iniciativas e soluções para programas que sejam eficazes para a nossa causa e possam fortalecer a rede de apoio às meninas e mulheres", avaliou.
Sobre o Workshop de Acesso à Justiça
Conduzido no país desde 2018 pelo Instituto Avon, o Workshop de Acesso à Justiça realizou sua primeira edição três anos antes, em 2015, promovida à época pela Vital Voices, organização não-governamental norte-americana de direitos humanos. Nos últimos 11 anos, já foram viabilizados dez eventos em oito estados brasileiros, impactando um público de mais de 600 participantes.